SOBRE O
AUTOR E OS PORQUÊS DESTE LIVRO.
Nasci em uma
família pobre, em um bairro pobre de uma cidade pobre. Meus pais eram alfabetizados; apenas
alfabetizados. Liam com dificuldade e
raramente escreviam. Minha mãe ensinava
aos filhos as orações que havia aprendido, do jeito que havia aprendido. Meu pai não rezava.
Não éramos
uma família de bitolados religiosos, mas aos treze anos fui atraído para a
igreja católica e permaneci católico até os dezesseis anos, quando surgiram
problemas incontornáveis com minha crença.
Percebi que
era impossível amar um desconhecido mais do que amava meu pai, minha mãe, meus
irmãos. O desconhecido em questão era o
deus da religião cristã e amá-lo acima de qualquer outra coisa era imposição, cujo
descumprimento condenava ao inferno. Era
uma situação injusta. Tinha inúmeras razões
para amar meus parentes e não tinha razão alguma para amar o deus. Tinha motivos para teme-lo; mas não para
ama-lo. Desconfiei que aquilo não
poderia estar certo e divorciei-me da religião.
Ocorre que o
medo do desconhecido que nos conduz à crença; permanece intacto quando rompemos
com ela.
Busquei na
leitura embasamento para a ruptura com a crença e para me livrar do medo. Buda, Kardec, Isaac Asimov (Universo), Eric
von Daniken (Eram os Deuses Astronautas?), Russel, Schopenhauer (Dores do
Mundo). Talvez tenha lido mais do que
conseguia entender; mas adquiri coragem para ler a Bíblia, racionalmente,
observando as incoerências, as tolices, os absurdos ali contidos. Percebi que o deus bíblico era perverso,
covarde, vingativo, um canalha com todas as falhas de caráter dos humanos que o
criaram. Percebi também que a lorota do
deus que virou homem e se ofereceu em holocausto pra si mesmo não fazia o menor
sentido. Jesus, enquanto salvador da humanidade,
é mercadoria de grande apelo comercial para ignorantes. Jesus é enganação vendável.
EU E OS
ATEUS DA INTERNET.
Estou há
mais de seis décadas na condição de ateu. Talvez seja uma Tereza Batista Cansada de
Guerra, por isso tento passar ao largo de bate-boca sobre religião. Recentemente estive observando o
comportamento de jovens ateus na internet.
Notei que são propensos a discussões inúteis, onde no fim o ateu
continua ateu e o cristão permanece cristão.
Também são tentados a criar ídolos; nada muito diferente do que fazem os
crentes. O astrônomo, o bioquímico, o
físico teórico, o escritor laureado com o Prêmio Nobel, são tomados como se
fossem profetas e suas citações são repetidas pelas páginas de ateus no
Facebook. Ocorre que o céu dos
astrônomos com um trilhão de galáxias, cada uma delas com um trilhão de
estrelas, não é o mesmo céu dos cristãos.
O deus dos cristãos e das escrituras judaicas não criou galáxias; fez
luminares, tipo lanterninhas chinesas, para enfeitar a noite. Isto é idiotice? Sim, e é prova de que as bobagens religiosas são
tão evidentes; que não é preciso testemunho de doutores, para que sejam contestadas.
Vi ateu na
internet, cometendo incoerências que até negariam sua condição de ateu, como,
por exemplo, acreditar que “o universo é capaz de conspirar a favor de alguém”. Isto não seria crença em um deus “todo
poderoso” chamado universo?
Identifiquei
duas características comuns aos novos ateus:
- Necessidade
de se apresentarem como indivíduos inteligentes e cultos, mesmo quando não o
são.
- Desejo de
pertencerem a grupos sociais nos moldes das comunidades religiosas.
A primeira
característica torna os ateus da internet repetidores de frases de pensadores
famosos; mas não tem maiores implicações.
A segunda leva o ateu a se considerar integrante de uma seita chamada
ateísmo, uma religião como qualquer outra; mas sem um deus.
É possível
encontrar nas redes sociais tentativas de canonizar o ateísmo, inclusive com
criação de mandamentos: “O verdadeiro ateu não é racista; não é homofóbico; não
agride mulher; defende o Estado Laico”.
Tudo bobagem! O verdadeiro
ateu é qualquer indivíduo que não crê em deus.
Os “mandamentos”
inventados para o ateu são qualidades inerentes a pessoas de bom caráter, não
são características exclusivas de quem é ateu. O indivíduo que bate na esposa é, sem dúvida, um
canalha; mas, se não acredita na existência de um deus, permanece sendo ateu -
um canalha ateu.
A defesa do Estado
Laico era considerada causa ateia no Brasil e era replicada por todos os
ateus até o ano de 2018. Aí vieram as
eleições presidenciais e muitos dos que defendiam o Estado Laico apoiaram o
candidato das igrejas, um candidato que dizia que a minoria não-cristã tinha
que se curvar para a maioria cristã.
Onde está a coerência do ateu que vota no candidato dos donos de igrejas?
Seríamos
tolos se acreditássemos que todo ateu é lúcido, coerente, honesto, inteligente.
Certa vez,
depois de ler em páginas da internet muitas baboseiras sobre a superioridade
moral dos ateus, resolvi escandalizar: -
“Os piores cafajestes do Brasil são ateus; não são religiosos”. Por incrível que pareça, até então nunca
havia passado pela cabeça dos ateus, que os donos de igrejas do Brasil são
ateus cafajestes que se fingem de cristãos para tomar dinheiro do povo. Aliás, é do dono da maior igreja evangélica do Brasil a frase "O povo está com dinheiro, se a gente não tomar, outro vai e toma".
Tive que exemplificar: Será
que vocês acreditam que os pastores que vendiam favas bentas que curavam
Covid são realmente crentes? Que
temem serem julgados no dia do juízo final?
A palavra
ateu (do grego a-Theo) significa sem deus, apenas isto. É usada para identificar quem não crê na
existência de nenhum deus. Ateu não é
quem não acredita nos deuses do cristianismo (o pai, o filho e a pomba), ou nos
deuses do hinduísmo, ou nos deuses da umbanda; para o ateu não existe deus nenhum.
Simplificando:
existem indivíduos que creem na existência de deuses (os crentes) e indivíduos
que não creem na existência de deuses (os ateus) e, assim como não há nada que
possa ser chamado crentismo, também não existe nada que possa ser
chamado ateísmo. Porém, é
perfeitamente admissível que ateus criem grupos sociais específicos para
ateus. Neste caso, o indivíduo que não
se enquadrar às normas do grupo estará sujeito a sanções, talvez até a
banimento do grupo social; mas permanecerá intocável o seu direito de continuar
ateu, porque ser ateu é decisão pessoal e não depende da concordância de
terceiros.
É importante
que o ateu não se disponha a cair na arapuca do ateísmo, provavelmente montada
por sacerdotes para equiparar o ateu ao religioso. “Ateísmo” seria uma religião como islamismo,
judaísmo, hinduísmo, cristianismo... A
diferença seria a inexistência de deuses.
Se
ateísmo é uma arapuca, o que são os ateístas?
Certa vez dirigi-me
a um ateu que publicava muitos textos no Facebook: - Já que você afirma ser ateísta, explique-me
o que significa ser ateísta.
Duas semanas
depois apareceu a resposta: - “Ateísta é a condição do ateu”. Repliquei: - Não crer em deuses é condição do
ateu. Ateísta não é condição de nada; é
um pseudo praticante do arremedo de religião chamada ateísmo, é o fantasma de
uma ópera que nunca foi composta.
Não tive
mais resposta ou notícia do cidadão.
FAZER O ATEU
PENSAR, inclusive sobre as bobagens do universo ateu - e não apenas ficar
fingindo que o fato de ser ateu o torna um pensador - este é um dos meus
objetivos ao escrever este livro.
Dobrando
o Cabo da Boa Esperança.
Quando já
consumimos entre dois terços e três quartos do combustível vital (não
renovável), ser útil não é mais uma opção; é necessidade. Ou você encontra uma razão clara para
continuar na luta ou, simplesmente, deita e espera a morte chegar.
Lembro do
período de insegurança que experimentei quando me livrei do cabresto do
cristianismo, da procura desordenada por algo que indicasse que estava no
caminho certo. Talvez um livro que me
mostrasse que o deus bíblico, se existisse, seria um traste, um irresponsável
que, tendo criado um anjo defeituoso, não teve capacidade ou vontade de
corrigir seu erro. Pior, o deus se
associa a sua mais hedionda criação para prejudicar e punir o homem. Segundo o cristianismo, o diabo propaga o
veneno do pecado, que teria como antídoto Jesus - o deus inseminado por uma
pomba. Ora! Justo Jesus que era, apenas, uma mistura de
pelego e charlatão como muitos sacerdotes cristãos, inclusive dos tempos atuais.
JESUS CRISTO,
O DEUS PORCINA!
(O que era,
sem nunca ter sido)
Nunca houve ninguém
chamado Jesus Cristo. É provável que
tenha existido um trabalhador braçal chamado Jesus que, assim como muitos trabalhadores
braçais, em diferentes épocas, percebeu que era mais cômodo sobreviver de
donativos de crentes do que encarar a labuta diária. Jesus teria sido mais um pregador de rua, sem
templo nem sinagoga.
Cristo é
figura mitológica. Quando os persas
invadiram a Babilônia, tinham por objetivo saquear os tesouros de
Nabucodonosor; não lhes interessava a manutenção de escravos, assim sendo,
ordenaram aos judeus que “tomassem o caminho de casa”.
Mas já havia
passado 70 anos desde que o povo de Israel fora escravizado pelos Babilônios. Setenta anos que o deus todo poderoso deles
não estava nem aí para a desgraça dos seus adoradores. Naquele grupo de judeus não havia uma pessoa
que conhecesse outro modo de vida, que não fosse a escravidão. Os judeus eram um povo sem confiança; tinham
medo de voltar a Canaã e serem novamente subjugados por outro povo qualquer. Foi neste contexto que Zacarias, tentando
levantar o moral da tropa, disse que o Senhor dos Exércitos enviaria um anjo
guerreiro, com um exército de anjos, para aniquilar os inimigos de Israel. Este anjo guerreiro, “comandante do exército
do Senhor”, seria o Cristo.
São dois
personagens distintos: Jesus, o peão de
obra que virou rabi, e Cristo, um anjo guerreiro inventado pelo profeta
Zacarias.
Há
possibilidade de Jesus ser o Cristo?
Não. Até porque, se houvesse, seria
a negação da religião cristã. Sabemos
que Jesus foi um indivíduo comum, talvez um caolho em terra de cegos, que por
motivos diversos (fanatismo, interesses políticos e econômicos) acabou por
tornar-se mito e virou um dos deuses “pague um e leve três” do cristianismo
(deus pai, deus filho e deus espírito santo). Jesus não era mitológica figura alada do tipo
Pegasus ou anjo.
As
escrituras judaicas deixam claro que anjo é “criatura de Deus”, subordinada ao
deus. Anjo não é deus. Se,
com a maior das boas vontades, considerássemos a possibilidade de que Jesus fosse
o Cristo, estaríamos admitindo que Jesus era um anjo e negando que Jesus fosse
deus. Ora, a pedra fundamental do
cristianismo consiste na crendice de que Jesus é deus. Então, o cristão estaria diante de um
dilema: Se Jesus é o Cristo, significa que Jesus é um
anjo e não um deus. Se Jesus não é o
Cristo, significa que o anjo do profeta Zacarias não baixou no nosso
terreiro. De um modo ou do outro estaria
provado que o personagem Jesus Cristo é conversa pra enganar trouxa.
DÁ PARA ACREDITAR NOS EVANGELHOS?
Quem fez um cursinho de comunicação, certamente participou da
brincadeira chamada Telefone sem Fio.
O exercício consiste no seguinte:
Quatro alunos são retirados da sala de aula e levados a um local
onde não possam ouvir as orientações que estão sendo passadas aos companheiros
que ficaram. O instrutor conta uma
historinha qualquer, que não seja do conhecimento da turma. Em seguida, um dos alunos que ouviu a
historinha é incumbido de repassá-la a um representante do grupo excluído. Uma comunicação entre duas pessoas, sem
ninguém mais presente. Este
representante dos alunos excluídos recebe um segundo representante do mesmo
grupo e lhe repassa o que ficou sabendo.
E o segundo membro repassa para o terceiro e o terceiro repassa para o
quarto - sempre numa comunicação exclusiva entre duas pessoas.
A turma é novamente reunida, com todos os seus alunos. O último aluno a tomar conhecimento da
história é convidado a reproduzi-la para a sala. É um festival de gargalhadas. A história contada pelo quarto aluno em nada,
ou em quase nada, se assemelha à original, isto porque cada pessoa que recebe uma
informação, infere sobre ela, excluindo passagens e acrescentando impressões
pessoais.
Os Evangelhos são histórias repassadas de boca em boca,
envolvendo milhares de pessoas, durante trinta, setenta, cem anos. A chance de que uma história narrada nos evangelhos
tenha alguma similaridade com o acontecimento original é praticamente
zero. Um indivíduo que seis, sete
décadas depois da morte de Jesus, reproduz, palavra por palavra, o que Jesus
teria dito no Sermão da Montanha, é um mentiroso, um embusteiro. Jesus não escrevia seus discursos (é provável
que não soubesse escrever) e dois mil anos atrás não havia como gravá-los.
Hoje, órgãos de mídia considerados sérios buscam certificar-se
da veracidade das informações antes de divulgá-las. Tentam diminuir o risco de propagarem
notícias falsas. Isto é diferente da
divulgação de lorotas que ocorria no primeiro milénio - e ainda ocorre hoje
entre pessoas de baixa cultura e de baixo nível mental.
O grande trunfo da religião é poder usar as igrejas – e agora a
internet – para espalhar histórias inverídicas.
Fazem isto em conluio com os governos.
Uma espécie de toma-lá-dá-cá, onde governantes permitem que o crente
tenha parte do salário surrupiado pelos sacerdotes, desde que seja convencido a
não se rebelar contra o sistema.
Vamos supor que entre os seguidores de Jesus houvesse um adepto
do cacique Juruna, sempre com o gravador a tiracolo e que este apóstolo
tecnológico gravasse as mensagens de Jesus e as repassasse para um escriba
experiente e confiável. É provável que o
manuscrito gerado [FC1] com base na gravação, reproduzisse fielmente as palavras Jesus;
todavia isto não garantiria que as cópias e as cópias das cópias mantivessem o
mesmo grau de fidelidade. Com o tempo, o
manuscrito original desintegrar-se-ia e sobrariam apenas as últimas cópias,
aquelas que conteriam maior número de discrepâncias.
Não esqueçamos de que a imprensa só foi inventada no século XV,
o que propicia um intervalo de tempo de 1600 anos para a produção de
“testamentos” errados e deturpados.
Atente para o texto a seguir:
Estamosemplenomardoudonoespaçobrincaoluardouradoborboletaeasvagasapóselecorremcansamcomoturbadeinfantesinquietaestamosemplenomardofirmamentoosastrossaltamcomoespumasdeouroomaremtrocaacendeasardentiasconstelaçõesdolíquidotesouroestamosemplenomardoisinfinitosaliseestreitamnumabraçoinsanoazuisdouradosplácidossublimesqualdosdoiséocéuqualooceano
Aqui estão reproduzidas as três primeiras estrofes do poema
Navio Negreiro, do grande Castro Alves, da maneira que teriam sido escritas no
primeiro milênio: sem pontuação e sem espaços entre palavras.
E as letras não eram perfeitas como estas criadas com recursos
de computador, sobre papel virtual; eram feitas com tinta espalhada com objeto
pontiagudo (pena de aves, por exemplo) sobre couro seco. Se um texto escrito no primeiro milênio era
difícil de ser lido e entendido, era quase impossível de ser reproduzido.
Ser um bom escriba requeria muitos anos de prática – e os
primeiros cristãos eram analfabetos, ou quase isto; não eram capacitados para
produção e cópia de textos. Desenhavam o
que viam, sem entender o que significava, como um falsário que copiasse uma
assinatura.
Marcos, só teria escrito
seu evangelho mais de vinte anos depois da morte de jesus. E o fez sob encomenda, para um grupo
específico de “nazarenos” (assim eram chamados os primeiros seguidores de
Jesus). Paulo também escreveu suas cartas
para comunidades específicas, dando orientações específicas sobre situações
específicas.
Cristãos porcamente alfabetizados copiaram Marcos e Paulo e
cometeram inúmeros erros. E as cópias
das cópias e as cópias das cópias das cópias multiplicaram os erros ad
infinitum.
Como esculhambação pouca é bobagem, nem todo erro era
involuntário. Copistas modificavam
propositalmente, citações e passagens das quais discordavam. Acrescentavam, suprimiam, avacalhavam o que
deveriam apenas reproduzir. Criaram
aberrações nos textos dos evangelhos para impor interesses de suas comunidades
e até seus paradigmas individuais: –
Ah! Eu acho que Jesus não falou
isso. - Ah! Eu acho que Jesus deve ter falado assim,
assado. E, tome modificação de copista!
PAULO, O APÓSTOLO TARDIO.
Paulo dizia muita bobagem de criação própria, que nada tinha a
ver com Jesus. Uma dessas diarreias
mentais aparece em 1 Coríntios, quando o apóstolo tardio inventa uma hierarquia
aloprada e machista: “Deus é a cabeça do Cristo, que é a cabeça do homem, que
é a cabeça da mulher”. A seguir,
teria dito: “Toda mulher que ora ou profetiza tendo a cabeça descoberta
desonra sua própria cabeça (o homem), porque é como se estivesse raspada”.
Paulo continua debulhando asneiras: “O homem não deve cobrir
a cabeça porque é a glória de Deus; mas a mulher é a glória do homem. O homem não provém da mulher; mas a mulher
provém do homem” (talvez o Paulo tivesse nascido em chocadeira). Paulo continua se mostrando um santo idiota: “O
homem não foi criado por causa da mulher; mas a mulher foi criada por causa do
homem”.
Interessante! Paulo
ensinava que as leis antigas não salvam; mas era obcecado pelas baboseiras de
Gênese. Será que Paulo mudava de opinião
tanto quanto mudava de cidade, ou as suas cartas foram enormemente deturpadas
por escribas misóginos?
Com relação a dizer que “a leis antigas não salvam”; há um
episódio em que Jesus afirma a um jovem rico que para alcançar os céus era
preciso obedecer às leis de Moisés (as leis antigas).
Lembremos de que Paulo não andou com Jesus, não o conheceu e pouco
sabia sobre o que Jesus pregava. Caiu de
paraquedas no meio dos apóstolos, dizendo que Jesus lhe tinha aparecido numa
visão e perguntado – “Por que me persegues?”.
Paulo era um grande mentiroso.
Em verdade, Paulo vivia assolado por enorme sentimento de culpa.
Seu pai era fariseu e Paulo tornou-se muito envolvido com as
coisas do judaísmo. Certo dia, conheceu
um jovem que acreditava na origem divina de Jesus. Paulo alcaguetou o adolescente que, levado a
julgamento, não negou a fé.
Segundo a lei judaica, o “herege” era morto a pedradas na frente
da testemunha – e a testemunha era Paulo.
A partir daí Paulo se tornou um desequilibrado - um verdadeiro serial
killer de nazarenos - e viu muito cristão preferir morrer apedrejado a negar
sua crença.
A Bíblia tem inúmeras reclamações de profetas sobre judeus que
abandonaram a crença no deus Javé. Em
Ezequiel, o deus dos judeus compara as cidades de Jerusalém e Samaria a
prostitutas que fornicaram com deuses alheios.
Era evidente que os cristãos se mostravam mais fiéis à religião cristã,
do que os judeus tradicionais em relação ao judaísmo.
Paulo era um fanático religioso, criado no meio de fanáticos
religiosos. Matava cristãos porque
acreditava que agindo assim estaria afagando o divino saco do seu deus. Diante
da teimosia e da firmeza de propósitos dos cristãos, é possível que tenha
surgido a dúvida, na cabeça desequilibrada de Paulo: - E se os cristãos estiverem certos?
Foi o medo de que os cristãos estivessem certos que fez Paulo
virar a casaca.
Paulo inventou a história da aparição de Jesus e foi procurar os
chefes da igreja cristã. O templo
cristão em Jerusalém era comandado por um triunvirato. Tiago, João e Pedro, perceberam que seria
melhor ter o matador de cristãos como aliado, do que tê-lo como inimigo. Paulo foi admitido no grupo de nazarenos,
como se ele próprio tivesse sido um discípulo de Jesus.
Por ironia, foi Paulo que pegou a semente da erva daninha
cristianismo no cercadinho da Judeia e espalhou-a pelo mundo. Paulo, o psicopata matador de cristãos, virou
santo.
Raciocinemos sobre o conto da “aparição”: Se Paulo não fosse um assassino serial de
cristãos, não teria “atraído a atenção de Jesus” e não teria virado homem de
deus. Em resumo: Paulo virou coleguinha
do “Cristo” por ser exterminador de cristãos.
Disse, alguns parágrafos atrás, que em 1 Coríntios Paulo
autoriza as mulheres a profetizar nas igrejas, desde que estejam com a cabeça
coberta; mas nesta mesma carta encontra-se outra instrução: “Mulher tem que ter
vergonha na cara e não falar na igreja.
Se tiver qualquer dúvida, que pergunte em casa ao seu marido”.
Teria dado a louca no Paulo, ou esta baboseira foi inserida em 1
Coríntios por um copista misógino?
Vou retomar uma pergunta que fiz alguns parágrafos atrás: Dá para acreditar nos evangelhos? Sim, tanto quanto dá para acreditar no conto
do Boitatá; afinal, cada um sabe quanta gororoba é capaz de engolir sem
vomitar.
ENSINAMENTOS DE JESUS.
As vezes ouço falar em “ensinamentos de Jesus” e me
pergunto: Quais seriam estes
ensinamentos? Fora as parábolas que são
fábulas mal elaboradas e nunca entendidas pelos seguidores, não há ensinamento algum
nos evangelhos. Há baboseiras comodistas,
como o sermão da montanha – que, com certeza, não foi criação de Jesus - e um
montão de histórias mal contadas do tipo milagres, curas, expulsões de
demônios, impossíveis de terem acontecido.
O caso da mulher adúltera, encontrado no evangelho atribuído ao
analfabeto João, é uma destas histórias sem pé nem cabeça.
“Os escribas e os fariseus trouxeram uma mulher flagrada
cometendo adultério e exigiram que Jesus definisse se ela deveria, ou não, ser
apedrejada”. Jesus tirou onda de Salomão:
“Que a primeira pedra seja atirada por quem nunca pecou”.
Conforme consta em Levíticos, havia pecados e PECADOS. Era possível se livrar dos pecados de pequena
gravidade com o sacrifício de uma pomba; enquanto os pegados de maiores
gravidades eram redimidos com o holocausto de uma ovelha, de um novilho. Adultério era pecado gravíssimo, sem remissão
e, por isso, punido com a morte. Não
cabe aqui a desculpa: “Ah! Todo mundo é pecador.”
Qual a intenção dos autores desta passagem do “novo
testamento”? Propor que as leis de
Moisés deveriam ser ignoradas? Ensinar que,
se você não é o marido corno, adultério não é da sua conta?
Não estou julgando a mulher adúltera (cada um sabe onde o sapato
aperta); meu argumento é no sentido de mostrar que erros não são todos iguais e
que não podem ser jogados no mesmo balaio, que o erro do jovem que rouba um pão
na padaria não tem a mesma gravidade do erro do pastor evangélico que mata a
colega a tesouradas.
Além de não trazer mensagem alguma, a não ser uma suposta
esperteza de Jesus, esta passagem não tem a mínima possibilidade de ter
acontecido.
Nenhuma mulher comete adultério sozinha; é preciso que haja um
parceiro, o fornicador.
As escrituras judaicas mandam apedrejar o casal de adúlteros até
à morte, ou seja: não é para tacar pedra na mulher; é para matar a pedradas os
dois fornicadores.
Por que os fariseus e os escribas, que flagraram o ato do
adultério levaram somente a mulher para ser apedrejada? Mais uma vez fica evidente que os cristãos
que escreveram os evangelhos não eram grandes conhecedores das escrituras
judaicas.
CONCEPÇÃO DE MARIA E NASCIMENTO DE JESUS.
O episódio do nascimento de Jesus é descrito em Mateus (que era
analfabeto, não escreveu evangelho nenhum) e em Lucas (provável seguidor de
Paulo).
“Mateus” inicia sua obra descrevendo a descendência de
Jesus. Vai de Abraão, Jacó, Judá, Perez...
passando por Davi, até chegar em José.
Isto para demonstrar que o messias descendia de Davi conforme a
profecia.
Esforço inútil. Ainda que
José fosse descendente de Davi, isto nada significaria, uma vez que Jesus não
era filho carnal de José, isto é: Jesus
era descendente de uma pomba vadia; não descendia de José nem de Davi. Os sacerdotes que usaram o nome de Mateus
para escrever um evangelho teriam feito mais bem se aceitassem a ideia dos
adocionistas (Jesus filho adotivo do Deus), pelo menos não cometeriam a heresia
de dizer que “o Cristo” descendia de Perez, que era fruto de relação incestuosa
entre Judá e sua nora, a prostituta Tamar.
Em Mateus, Maria é esposa de José; mas o casal, ninguém sabe o porquê,
não mantinha relações sexuais. Maria era
virgem, intocada, quando recebeu à pomba do divino.
Diz Mateus que “José percebe que sua esposa, intocada, está
grávida. Pretende abandoná-la; porém,
quer fazer isto na surdina, para não difamá-la.”
Note-se que, pelas tradições judias, José não abandonaria sua
mulher adúltera, secretamente; ao contrário, para aplacar sua vergonha e sua
raiva, botaria a boca no trombone. Maria
seria levada aos anciões e, acusada de adultério, alcaguetaria o garanhão. Os adúlteros seriam apedrejados até a
morte. Dura Lex Sed Lex.
Queria ver a mulher convencer os anciões de que estava grávida
da divina pomba...
Como ninguém é de ferro (nem mesmo o Homem de Ferro), José
comete a bobagem de cair no sono.
Em toda a Bíblia, dormir pode significar passar pelos perrengues
da Hora do Pesadelo. A diferença é que,
enquanto no filme há um vilão fantasmagórico, o Freddy Krueger, nos pesadelos
bíblicos os vilões fantasmagóricos são anjos ou o próprio deus.
Um anjo entra no sonho de José e informa que Maria engravidou de
um tal espírito santo, a mando do deus.
O anjo ordena que “a criança a nascer tenha o nome de Jesus, já que o
profeta havia dito que o filho da virgem teria o nome de Emanuel”. Entendeu?
Nem eu.
Mas José tinha todos os requisitos de um bom corno. Poderia ter sido uma cópia de Anfitrião,
marido de Alcmena - a linda jovem grega que Zeus, usando de malandragem,
engravidou.
Mateus não perde tempo tentando justificar uma viagem
injustificável no lombo de uma jumenta; faz José e Maria saltarem de
paraquedas, numa estribaria de Belém, onde “Maria dá à luz o filho do deus”.
Aparecem três reis magos que, seguindo uma estrela, conseguiram
localizar Jesus. O astro-guia parou,
exatamente, em cima do estábulo.
É óbvio que os indivíduos que escreveram esta narrativa não
faziam a mínima ideia do que é uma estrela; por isso imaginavam que a estrela
poderia pairar em cima de uma estribaria, indicando um lugar específico. Acreditavam que estrelas fossem pontinhos luminosos;
quem sabe, vagalumes.
Na Torá, que era a fonte de conhecimento dos judeus, estrelas
são pequenos luminares. E há dois
grandes luminares: a lua e o sol. É o
que está escrito.
Os reis levaram presentes: ouro, incenso e mirra. De que serviriam tais presentes para uma
criança recém-nascida? Ouro e incenso
não servem para limpar a bunda de menino cagão, e mirra, pelo que pesquisei, é
um mato cheio de espinhos. Não seria
melhor se os três magos aloprados tivessem levado pacotes de fraldas descartáveis,
ou folhas de bananeira?
No evangelho de Lucas o anjo é importante na prenhez de
Maria. É ele que dá uma bela cantada na mulher,
quando o marido não está em casa; mas tudo no maior respeito, “em nome do
Senhor”. Maria só teria que abrir as
pernas quando o espirito santo descesse sobre ela. Nem precisaria rebolar.
Trato feito. No evangelho
de Lucas, o santo corno José, assim como todo bom cabrito, não berrou - nem
ameaçou largar Maria.
Enfim, aparece o motivo segundo o qual José e sua esposa se
deslocam da Vila de Nazaré, onde moravam, para a Vila de Belém. Diz Lucas que houve um decreto do imperador
de Roma, obrigando todos a se alistarem.
Então a coisa degringola:
“E subiu José da Galileia, da cidade de Nazaré, até a Judeia, à
cidade de Belém, porque esta era a cidade onde Davi nasceu – e José pertencia à
casa de Davi”.
Historiadores dizem que não houve recenseamento por volta do
início desta Era. Como não sou
historiador (sou um ateu bonzinho) admitirei que tenha havido o tal alistamento.
A finalidade do recenseamento era cobrança de impostos. Acontecia quando o governo desconfiava de que
havia muita gente sonegando.
Somente homens eram recenseados.
Mulheres eram tidas como dependentes, não eram alistadas. Maria, nos últimos dias de gestação, não seria
obrigada a viajar 150 Km no lombo de um jumento, enfrentando areia e vendo e
dando peido fedorento (Em memória dos Mamonas Assassinas), para ir de Nazaré na
Galileia, até Belém na Judeia. Além
disso, o alistamento era feito na cidade em que a pessoa vivia – e não na
cidade onde teria nascido um ancestral.
Davi tinha morrido havia mais de mil anos antes de Jesus nascer. Mesmo que pertencesse à linhagem de Davi,
José não teria conhecimento do fato e, ainda que tivesse, por que cargas d’água
um decreto do imperador romano iria obrigar um cidadão judeu a se alistar na
terra de um ancestral longínquo? José e
Maria não foram a Belém; Jesus, o nazareno, nasceu em Nazaré, assim como
Juninho pernambucano nasceu em Pernambuco.
Lucas não fala em reis magos; fala que um anjo fofoqueiro contou
para alguns pastores da redondeza que o filho de deus havia nascido. Fala também que Jesus passou pela cerimônia
da circuncisão “para ser purificado e consagrado ao Senhor, como todo macho
primogênito” e que nesta operação foi sacrificado um par de rolas ou um par
de pombinhos. Não vou discutir com Lucas
sobre o holocausto de pássaros; o que estranho é ver Jesus passando por
cerimônia de purificação. Teria o
“filho do deus” nascido impuro?
BATISMO E TENTAÇÃO DE JESUS.
O encontro de Jesus com João, o batizador maluco, é pouco crível
e se torna ainda menos crível com a sequência de efeitos sonoros e visuais do
evento.
É o deus que, lá das alturas, usa voz de trovão pra falar
abobrinha; são os raios de sol passando pela peneira para ficar parecendo véu; e
a pomba (sempre ela) em voos rasantes e piruetas. Só faltou a esquadrilha da fumaça. Isto não parece coisa do Joãozinho Trinta?
E não esqueçamos que o batismo de Jesus foi um ritual de
preparação para o vestibular do diabo?
O VESTIBULAR DO DIABO.
.
A passagem está em Marcos, Mateus e Lucas. O evangelista Marcos não perde tempo com
detalhes: talvez não tenha acreditado na história. Marcos diz, apenas, que “O Espirito impeliu
Jesus para o deserto, onde permaneceu quarenta dias, tentado por Satanás”. Os outros evangelistas também afirmam que
“Jesus foi conduzido ao deserto pelo Espírito para que fosse submetido à
tentação”.
Apelarei aqui para o Axioma de Euclides: “Duas coisas iguais a
uma terceira são iguais entre si”. Se
Jesus era deus e se o espírito santo era deus, então Jesus era o espírito santo;
de onde se deduz que Jesus foi impelido à tentação no deserto por ele mesmo - e
prova-se que, ou esta história é uma invenção maluca, ou Jesus era um completo
retardado.
Como os três evangelistas afirmam que o “Espirito” impeliu, ou
conduziu, Jesus ao deserto para ser tentado por Satanás e diante do
entendimento de que Jesus e o espírito santo são o mesmo individuo, vem-me a
pergunta: Estaria Jesus passando por uma
crise de identidade tamanha, que se propôs a submeter-se ao vestibular do
diabo, para provar a si mesmo que ele era quem dizia ser?
Antes de continuar, façamos o reparo. Todos os evangelistas contam que Satanás era
o demônio que tentou Jesus; mas segundo consta no livro de Jó, Satanás era
filho do deus, não era demônio.
Em Jó é dito e repetido, muitas vezes, que “sempre que os filhos
do deus se apresentavam ao Senhor, Satanás estava entre eles”. O que se há de entender na história, onde
Satanás participa das reuniões de pai e filhos?
Ou Satanás era filho do deus, ou gozava do status de filho do deus. Há uma outra interpretação possível, que a
expressão “filhos de deus” não significasse exatamente filhos; mas criaturas
prediletas. Neste caso, também, Satanás
não seria um intruso, posto que era figura constante nas reuniões, aliás, o
único participante com quem o deus dialogava.
Satanás era, no mínimo, um convidado de honra.
Por que os evangelistas são unânimes em afirmar que Satanás era
o demônio que tentou Jesus? A resposta é
simples: os evangelistas não conheciam as escrituras; não leram o livro de Jó.
Mateus e Lucas tentam dar continuidade à narrativa da tentação
de Jesus.
“E tendo jejuado durante quarenta dias, Jesus sentiu fome”. Opa!
Esta é mais uma das passagens que mostram que Jesus sentia fome, sede;
que comia e bebia – e, se comia e bebia, urinava e defecava. É exatamente o que está dito nas entrelinhas
da história em que fariseus levam até ele a mulher adúltera. O que Jesus fazia sozinho, agachado na
areia? Digamos que Jesus fazia bolinho.
Satanás, ou seja lá quem tenha sido, teria provocado o Jesus
faminto:
- Se tu és filho de Deus transforma estas pedras em pão e
come.
Jesus mandou a rima pé-quebrado:
- Nem só de pão vive o “home”.
O diabo transportou o mamulengo para o pináculo do templo em
Jerusalém:
- Se és filho de Deus, lança-te daqui abaixo e manda os anjos
te apararem.
Jesus preferiu não arriscar:
- Está escrito para não tentar o Senhor Deus.
Então Satanás levou Jesus para um monte muito alto, de onde se
podia enxergar todos os reinos do mundo (Satanás tinha tomado um telescópio da
NASA emprestado e subido com Jesus no monte Everest, ainda no tempo em que a
terra era plana).
- Tudo isso é meu e te darei, se me adorares.
Jesus respondeu que estava escrito que só podia adorar e servir
ao deus, isto é: a si mesmo.
RESUMO: Jesus esquivou-se
de comprovar divindade, escapulindo dos desafios pela tangente. Não provou que era de fato um deus nem a
Satanás nem a ninguém.
O que chama a atenção neste conto é que “todos os reinos da
terra pertencem ao diabo”. Conclusão:
Nós somos inquilinos do diabo.
JESUS E O
DEUS BONZINHO.
No século I,
apenas três porcento da população era alfabetizada. Aprender a ler custava caro, a leitura era recurso
exclusivo dos ricos. Antes de se dedicar
à pregação religiosa, Jesus era trabalhador braçal; era pobre e, com certeza,
analfabeto. Seus sermões baseavam-se no que
ouvira dizer, por isso, embora tentasse pregar judaísmo – a única religião que
conhecia - não era muito fiel às escrituras judaicas. No
Evangelho atribuído a João, um fariseu admoesta Jesus: “Como se mete a falar
sobre as escrituras se você desconhece as letras?”. Isto tanto pode significar que Jesus não
conhecia as escrituras judaicas (o que já seria grave), como pode significar
que Jesus não conhecia letra alguma (o que seria muito mais grave).
No Evangelho
de Marcos, há o encontro de Jesus com o jovem rico, que deseja saber como fazer
para alcançar o céu. Jesus responde que é
preciso seguir as leis de Moisés. Ao ser
questionado sobre quais seriam exatamente tais leis, Jesus titubeia e cita, mal
e porcamente, meia dúzia de mandamentos.
Conclusão: Jesus sabia das leis de Moisés de “ouvir dizer”; mas não as
conhecia profundamente.
Apesar de não ser exímio conhecedor das
leis, é exatamente nelas que Jesus poderia encontrar algum embasamento para
falar no “deus bondoso”.
A primeira lei, que nos foi repassada
como “Amar a Deus sobre todas as coisas” tem originalmente o seguinte enunciado:
“Não
adore outros deuses; adore somente a mim.
Não faça imagens de nenhuma coisa que há lá em cima no céu, ou aqui
embaixo na terra, ou nas águas debaixo da terra. Não se ajoelhe diante de ídolos, nem os
adore, pois eu, o Senhor, sou o seu Deus e não tolero outros deuses. Eu castigo aqueles que me odeiam, até os seus
bisnetos e trinetos; porém sou BONDOSO com aqueles que me amam e obedecem aos
meus mandamentos e abençoo os seus descendentes por milhares de gerações.”
É Moisés quem diz que o Senhor dos Exércitos, o deus que se autorrotula
“origem de todo mal”, é capaz de gestos de bondade, desde que o crente se
mostre fiel e bajulador.
Antes do surgimento de Jesus, os praticantes de judaísmo se
dividiam em duas categorias: os que podiam oferecer uma ovelha ou um novilho em
holocausto para remissão dos seus pecados e os que estavam irremediavelmente
ferrados. O entendimento de que o “Senhor
dos Exércitos”, o deus perverso dos judeus, não só era capaz de perdoar, como
também podia amar os seres humanos, foi considerado “boa nova”, posto que
trazia esperança aos desesperados. Note-se
que jesus era seguido por gentalha, sem acesso às escrituras. Por malandragem, ou ignorância, Jesus inventa
a figura do deus paternalista, que “não dá pedra ao filho que pede pão nem
dá serpente ao filho que pede peixe” (discurso de aloprado). Esta foi a razão do sucesso das suas
pregações, nos primórdios do cristianismo.
FILÓSOFO? REVOLUCIONÁRIO?
Há quem considere Jesus um filósofo, há quem o considere
revolucionário. Nem uma coisa nem outra
tem fundamento.
Qual a mensagem filosófica contida no sermão da montanha? Analisemos: “Bem-aventurados os que choram,
porque eles serão consolados”. Quer
dizer que o consolo é prêmio para quem chora e que vale à pena o indivíduo sofrer,
só para tornar-se merecedor de consolo?
Se isto fosse verdade, poderíamos afirmar que os escravos açoitados eram
bem aventurados e, neste caso, o senhor de escravo e o capataz que manuseia o chicote
seriam benfeitores que tornariam os escravos merecedores de bem-aventuranças.
E que revolucionário aconselharia seus seguidores a “dar a César
o que é de César”, sendo que estes se revoltavam, exatamente, porque eram
obrigados a repassar ao governo boa parte do que produziam em grãos ou frutos?
JESUS E AS MULHERES.
A mulher judia era propriedade
do homem. Pertencia ao pai, ao irmão (no
caso de perda do pai), ao esposo depois de casada. Se o esposo morresse, a mulher passaria a
pertencer ao cunhado e, em último caso, seria devolvida à tutela do pai. O décimo mandamento, que teve seu texto
amenizado e disfarçado em “não cobiçar as coisas alheias”, trazia originalmente
a seguinte instrução: “Não
cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a mulher do teu próximo nem seus
servos ou servas, nem seu boi ou jumenta, nem coisa alguma que lhe pertença”. Mulher judia era pertence do
homem, estava no mesmo patamar da jumenta.
Jesus foi um judeu de dois mil anos atrás, emaranhado pelos
paradigmas da época. Jesus era um
machista radical e era de tal forma destemperado, que nenhuma mulher
minimamente inteligente que tenha lido os evangelhos, deveria se declarar
cristã. No evangelho de Mateus há uma
historinha atribuída a Jesus, conhecida como Parábola das Dez Virgens. Nesta fábula, um homem tem dez esposas e
descarta cinco delas como se fossem lixo.
Na cabeça de Jesus, mulher era descartável: uma pá corroída, um penico
furado. Valia menos do que a jumenta da
10ª lei de Moisés, já que jumentas não são descartáveis.
QUEM NÃO SE COMUNICA...
Os Evangelhos trazem inúmeras evidências de que Jesus era mau
comunicador. Não são raras as passagens
em que o deus dos cristãos se lamenta por não ser entendido, por não
acreditarem no que diz.
É princípio básico da comunicação que o ônus do entendimento da
mensagem é de quem a transmite e não daquele a quem a mensagem é dirigida. Quem comunica e não se faz entender, na
verdade não comunicou.
Ressalvando a possibilidade de que as passagens citadas nos evangelhos
não sejam verídicas, vejamos alguns exemplos de Jesus como mau comunicador;
Jesus pede água a uma mulher nos arredores de Samaria. A mulher estranha que um judeu peça água a
uma samaritana. Jesus então diz: “Se
você me der dessa sua água, eu lhe darei água viva, aquela que quem bebe nunca
mais tem sede”. Água viva?! Que baboseira é essa? É óbvio que a mulher não entendeu coisa
alguma, até porque, se entendesse teria dado a seguinte resposta – “Se você
possui essa água que quem bebe nunca mais tem sede, por que está querendo beber
da minha água?”
O leitor provavelmente conheça a parábola O Joio e o Trigo. É um conto de autoria atribuída a Jesus,
paupérrimo como fábula - e continuaria paupérrimo se fosse de conto dos irmãos
Grimm. A história é tão fora de
propósito, que nem os discípulos que sempre o acompanhavam entenderam o
significado.
Resumo da história:
“Um agricultor planta boas sementes de trigo em suas
terras. À noite, vem o INIMIGO e planta
sementes de joio no meio da plantação do trigo”. Note-se que joio e
trigo são plantas bastante semelhantes enquanto jovens; porém, quando na fase
de colheita, o trigo tem a cor amarelada, enquanto o joio permanece esverdeado. Assim sendo, a melhor forma de diferenciar
uma planta de joio de uma de trigo é deixa-las crescer.
É possível criar uma boa metáfora, com trigo e joio como
exemplos de que o tempo se encarrega de diferenciar o útil do inútil. O problema da parábola de Jesus é o inimigo
que invade as terras do vizinho durante à noite, para plantar joio onde já
havia plantação de trigo. A figura,
desnecessária, do inimigo trapaceiro torna a parábola incompreensível.
Em uma outra passagem, Jesus parece soltar por completo a franga
e deixa transparecer toda a sua alopração: “Aquele que comer da minha carne
e beber do meu sangue não perecerá; mas terá vida eterna”.
Em se tratando de comunicação, chega a ser espantosa a falta de
recurso de Jesus. E se alguém entre os
estúpidos que lhe seguiam entendesse a mensagem ao pé da letra?! Imagine Jesus falando tal asneira na época em
que houve fome na região e os judeus cozinhavam e comiam as crianças! O deus fajuto dos cristãos teria virado
churrasco de seus conterrâneos antropófagos.
A parábola das Dez Virgens.
Um homem retorna de viagem.
Suas dez esposas, todas virgens, vão encontra-lo em determinado
lugar. Cinco das esposas, que Jesus
rotula de loucas, percebem que têm azeite insuficiente em suas lâmpadas e
solicitam às outras cinco que compartilhem azeite. As moças que tinham bastante azeite
responderam que não compartilhavam, porque não poderiam correr o risco de que lhes
faltasse. As “loucas” não tiveram outra
alternativa, saíram à procura de azeite.
O esposo chegou ao local do encontro antes que as moças que
foram comprar azeite houvessem retornado.
Ordenou que as esposas que lá estavam entrassem, fechou a porta e,
simplesmente, descartou as jovens que se atrasaram.
Se realmente este conto é de autoria de Jesus, o deus dos
cristãos era um tremendo mau caráter, para quem mulher nada significava.
E que ensinamento há nesta historinha idiota?
Por que cada mulher tinha que ter sua própria lamparina, se
todas iam para o mesmo lugar? O individualismo
era tanto que, além de não compartilharem o azeite, não se prestavam a compartilhar,
também, a luz da lamparina? Por que Jesus
considera louca uma jovem que tem pouco azeite na lâmpada? E o esposo que deixa cinco moças do lado de
fora da casa, indefesas, expostas a todo tipo de perigo?... Jesus achava tudo isto normal e aceitável?
JESUS MORREU NA CRUZ PARA NOS SALVAR?
Morte de pessoas por crucificação não fazia parte da tradição
judaica. Animais eram oferecidos ao
deus, em holocausto. Tinham a garganta
cortada e, depois de mortos, eram queimados em altar, para que o deus sentisse
“o cheiro suave da carne queimando”.
Aliás, a única vez que o deus exigiu sacrifício humano fui uma piada de
mau gosto, uma pegadinha de baixo nível, que teria aplicado no seu fiel
parceiro e puxa-saco Abraão - o irmão, gigolô e marido da Sara.
Aqui também, o sacrifício seria feito no “altar dedicado ao Senhor”
e não em cruz.
Se Jesus morreu na cruz, não foi em sacrifício para o deus das
escrituras judaicas. Talvez haja na
mitologia de algum povo um deus que aceitava sacrifício na cruz; mas esse deus
com certeza não era Javé, o deus dos judeus.
A pergunta a ser feita seria: - De que, exatamente, Jesus nos
salvou? Alguém responderá que ele nos
redimiu do pecado de desobediência, cometido pelo primeiro casal de
humanos. Bobagem! Se considerarmos como verdade a fábula,
chegaremos à conclusão de que Adão e Eva pagaram pelos seus erros. E receberam um castigo brutal: a expulsão do
paraíso.
A propósito: O conto de
Adão e Eva tem apenas quatro personagens:
O casal de humanos que agiam como crianças teimosas, até porque Adão e
Eva não tiveram infância nem experiência alguma - eram, de fato, crianças
fabricadas em tamanho G; a serpente sincera, que revelou a mentira do poderoso
chefão; o deus, mentiroso, que disse a Adão e Eva que estes morreriam se
comessem da fruta do conhecimento (e eles comeram e continuaram vivos).
Mas a coisa fica ainda mais escabrosa. Ao admitirmos que Jesus era o heroico filho
de deus, que foi enviado ao mundo para morrer em pagamento pelos nossos
pecados, estaremos admitindo que o deus pai de Jesus era um débil mental, um
paspalho trapalhão.
A história que os cristãos replicam, para deificar Jesus é uma
obra de alucinados.
Certo dia, o deus resolveu cobrar dos homens pela remissão dos
pecados cometidos milênios atrás pela primeira dupla de humanos. Quebrando sua própria regra “não matar”, o
deus manda sacrificar, não um bode, um novilho, como fazia costumeiramente; mas
exige um homem, em holocausto. A partir
daí o deus se mostra um verdadeiro maluco, elaborando um plano de maluco.
Deus abdica da exigência do holocausto de ser humano e resolve
gerar um filho homem, para que seja oferecido em holocausto ao próprio deus. Mas o deus, que fizera o mundo e tudo que
nele existe, incluindo os homens, havia perdido o poder criador. Precisa de uma mulher, por acaso a esposa de
José, para lhe servir de chocadeira. E não
se dignou a “entrar na moça” (expressão bíblica), como teriam feito Zeus, ao
engravidar Alcmena mulher de Anfitrião, e Davi, quando engravidou Bate-Seba,
mulher do soldado Urias. Maria foi
penetrada por uma pomba, ou por um deus que conseguia materializar-se em pomba. Pior ainda, segundo o cristianismo, o filho
de deus, empurrado no ventre de Maria, era o próprio deus.
Temos então, que o deus - que quando necessário se transforma em
pomba - é pai e filho de si mesmo. Esta
invenção, sem pé nem cabeça, faz parte do teste de estupidez aplicado ao
cristão. Quem aceita que há um deus pai,
um deus filho e um deus que vira pomba e que isto não quebra a unicidade do
deus, é uma ovelha com cérebro de ovelha e está apta a aceitar qualquer outra
enganação.
A analogia mais apropriada para a suruba de deuses do
cristianismo é o antigo doce 3 em 1, da CICA: marmelada, bananada e goiabada,
em uma única lata.
Por que o deus precisaria de tanta trapalhada como pretexto para
perdoar os seres humanos?
Perdão é decisão de foro íntimo.
Quem quer perdoar, perdoa - e ninguém pode se opor à decisão. Não necessita nem mesmo do consentimento
daquele que será perdoado. Se o deus
pretendia perdoar o ser humano, era uma questão que só a ele dizia
respeito. Quem haveria de impedi-lo?
O CHARLATÃO QUE EXPULSAVA DEMÔNIOS.
Mas, se Jesus não morreu para nos salvar, qual teria sido o
verdadeiro motivo da sua condenação à cruz?
Charlatanismo. Jesus
morreu por ser charlatão.
Sabemos que demônios não existem. Se existissem, seriam obras imperfeitas de um
deus imperfeito. Um crente dirá: - “Não.
Deus é perfeito. Ocorre que o
diabo tinha livre arbítrio”. Bem, neste caso, vou concordar que o deus é
perfeito; um perfeito idiota que concedeu livre arbítrio ao diabo.
Segundo os evangelhos, no tempo de Jesus e no lugar onde este
vivia estava “assim” de demônios. Houve
um dia em que Jesus surpreendeu um grupo de demônios; mas, ao invés de
expulsá-los, permitiu que estes entrassem em uma vara de porcos. Os suínos possuídos por demônios saíram em
disparada e se jogaram no precipício. Este
conto, onde demônios sacaneiam o deus boboca, deu origem à expressão “espírito
de porco”.
Os criadores de porcos ficaram no prejuízo e, fulos da vida,
baniram do local o trapalhão filho do deus.
Esta história é contada em Marcos e Mateus. Ironicamente, são os ateus que livram o
deusinho mequetrefe de mais uma situação ridícula, quando afirmam que demônios
não existem e, por consequência, a passagem não é verdadeira.
Se tem algo fácil de fingir, é expulsão de demônio; basta
encontrar um comparsa disposto a representar o papel de endemoniado. Já vi um jovem “encarnar um demônio”, que foi
pego pelos cabelos e jogado ao chão, pelo pastor evangélico. E o pilantra de deus usou apenas a mão
esquerda, já que a mão direita segurava o microfone. Tudo, obviamente, em nome de Jesus, para
muitas aleluias e glórias da plateia.
Terminada encenação, o endemoniado enfiou uma nota de cem Reais
no bolso e foi embora, pedalando a bicicleta.
Maracutaias iguais a esta acontecem todos os dias nos templos comandados
por sacerdotes charlatães. E sempre
haverá tolo disposto a acreditar nos farsantes.
Quando correu a notícia de que Jesus expulsava demônios, isto é:
Jesus ordenava e os capetas obedeciam, os fariseus, também fanáticos religiosos
como qualquer judeu do século I, ficaram espantados. Como pode?!
Qual sacerdote do Senhor tem autoridade sobre demônios? Qual profeta?
Pensaram: “Para ter ascendência sobre demônios, só se o tal Jesus for
enviado de Belzebu, príncipe dos infernos”. O “filho do deus” foi acusado de ser
pau-mandado do diabão Belzebu e foi crucificado como demônio. É isto que consta no evangelho de Mateus. O resto é conversa fiada, inventada a
posterior.
NOS PRIMÓRDIOS DO CRISTIANISMO.
No início do século I (que ainda não era chamado século I) os judeus
esperavam pela vinda do “messias” anunciado pelo profeta Miquéias, assim como
hoje os cristãos esperam, pelo retorno de Jesus. Qualquer um entre os judeus, de repente,
poderia ser “o cara”. Alguns acreditaram
que João, o pregador que batizava nas águas do rio Jordão, pudesse ser o
messias.
O homem será tão mais crédulo quanto mais desesperado for. Tomemos a Mega-Sena como exemplo. A chance de que um jogador acerte as seis
dezenas é de uma a cada cinquenta milhões de jogos. Não há chance real de ganho; só há a
esperança de ganhar. Ainda assim, pobres
de dinheiro e de espírito jogam e desperdiçam suas economias, duas vezes por
semana tentando acertar os números do sorteio.
Esperança é lenitivo do desesperado. O cristianismo manipula a necessidade de
esperança do infeliz, dando-lhe a falsa expectativa de que terá uma vida boa, depois
de morto.
No século I, os seguidores de Jesus eram todos pobres, rudes e
analfabetos. Pessoas pobres, rudes e
analfabetas criaram o Saci Pererê, o Boitatá e fizeram de Jesus o messias. - Jesus é o Cristo, diziam. Logo estariam vivendo em comunidades de
adoradores do Cristo, como aconteceu em Antióquia, onde foram apelidados
cristãos. Isto ocorreu no início do
governo de Calígula, por volta do ano 37 desta Era, menos de um decênio depois
da morte de Jesus.
Eram muitas as seitas cristãs.
Havia os gnósticos que acreditavam que um dia tinha havido um quebra-pau
no céu e que um deus tinha tomado cartão vermelho. Este deus indisciplinado veio para a terra e
criou o homem. Jesus era uma divindade
detentora do conhecimento (gnose) de como o homem poderia alcançar o céu onde
moravam os deuses.
Havia os adocionistas, que acreditavam que Jesus era um homem
comum (filho do homem, como o próprio Jesus afirmava); mas que possuía certas virtudes
que fizeram com que fosse adotado pelo deus Javé. A adoção teria ocorrido, no dia em que foi
batizado.
A Bíblia cristã traz duas versões para o que o deus Javé teria
falado no momento do batismo: 1) Tu és o meu filho; hoje eu te gerei
(Salmos). 2) Tu és meu filho amado, em
quem me comprazo (Mateus e Marcos).
A primeira versão, de que Jesus teria sido gerado no dia do
batismo, dava razão à crença de que jesus tinha sido adotado neste dia e,
exatamente por isto, foi modificada pelos cristãos ortodoxos, que viriam se
impor às outras seitas, com o apoio do Imperador Constantino.
Era muito difícil para um cidadão que conviveu com Jesus quando
este era criança, acreditar que se tratava de um ser divino, que teria descido
do céu, enviado pelo deus. Para tais
pessoas era mais fácil aceitar que Jesus fosse filho adotivo do deus. Mateus traz uma passagem em que Jesus tenta
pregar na Vila de Nazaré, onde nasceu (o nascimento em Belém é conversa fiada
para adequar Jesus à profecia de Miquéias: “o messias virá de Belém”). Alguém no meio de seus conterrâneos, exclama:
- Mas este não é Jesus, filho do carpinteiro José e de Maria, irmão de fulano e
ciclano e cujas irmãs ainda vivem no nosso meio?! Esta fala, de incredulidade incontestável
diante de um charlatão (quem não te conhece que te compre), foi grandemente
corrompida pelos donos de igreja do Brasil, para que parecesse uma contemplação,
uma exaltação “aos feitos” de Jesus. Se
fosse exaltação, Jesus não teria fugido do local, reclamando: - Gente de pouca
fé!
Havia os docetas, liderados pelo mestre Marcião (110 a 160 d.C),
que produziu a primeira bíblia cristã.
Marcião era seguidor de Paulo, o apóstolo tardio.
A bíblia de Marcião compunha-se de dez cartas de Paulo e o
evangelho de Lucas. Não havia referência
ao antigo Testamento.
A rejeição dos docetas ao judaísmo era tão grande, que afirmavam
que havia dois deuses: o deus malvado das escrituras judaicas, que exigiu
sacrifício humano para perdoar pecados, e o deus bonzinho que mandou seu filho
Jesus para morrer no lugar de um homem.
Para explicar a incoerência da morte de um imortal (o Jesus dos
docetas era filho do deus bonzinho), criaram a seguinte história: Jesus era espírito; não existia fisicamente. Seu corpo físico seria uma espécie de
holograma. Jesus não teria morrido de
fato; apenas aparentou morrer. A
encenação de Jesus foi tão realista que foi aceita como verdadeira pelo deus
malvado das escrituras judaicas. Jesus
passou a perna no deus malvado. Talvez
tenha sido o inventor do 171.
Havia, também, os cristãos proto-ortodoxos (católicos), cujos
bispos viriam estar presentes no concílio de Niceia, convocado pelo imperador
Constantino.
É possível que venha daí a bobagem, muito propagada na internet,
de que o cristianismo foi inventado pelos romanos no século IV. A História prova que havia cristãos durante
os governos de Cláudio e de Nero (ambos no século I). Constantino ascendeu ao trono de Roma no ano
306, com a morte de Constâncio e, só no ano 325 convocou os bispos católicos
para criarem o cânone cristão.
Para um imperador como Constantino era natural demonstrar
simpatia por uma religião que mandava dar “a Cezar o que é de Cezar” e que mantinha
os crentes entorpecidos ensinando-os que “patrões tinham que ser amados, por
mais cruéis que fossem, e que os sofredores ganhariam um lugar no céu, ao lado
do deus”.
Constantino impôs o cristianismo como religião oficial do império;
enquanto ele próprio continuou pagão.
O que, realmente levou Constantino a reunir, bancar e presidir o
encontro de 300 bispos cristãos no Concílio de Niceia foi botar ordem não
cristianismo, antes de torna-lo religião oficial. Havia desavenças entre dois ícones da
igreja: Alexandre I, patriarca de
Alexandria, e o Diácono de Alexandria, Ário.
O principal motivo da discórdia era que Ário não aceitava a ideia de que
Jesus fosse filho de deus e que compartilhasse da essência do deus.
Para ele Jesus era uma divindade especial, criada pelo deus antes
de qualquer outra coisa; mas, ainda assim, uma criatura – e não “um pedaço do deus”.
Embora o ateu possa dar risada da situação, o fato é que o
entendimento Ário (do Jesus, como primeira e mais elaborada criatura do deus,
em vez do Jesus filho do deus, gerado no ventre de uma mulher) levava a uma
série de questionamentos e negava muitas das baboseiras em que os cristãos
acreditam, incluindo a divina prenhez da “virgem” Maria.
Ário tinha muitos seguidores, alguns deles importantes, como o
Bispo Eusébio, influente na corte romana; mas seus simpatizantes eram minoria
no Concílio de Neceia – e sabemos que em decisões de maioria os estúpidos quase
sempre vencem. Ário e seus pares foram
considerados hereges, assim como o foram os seguidores das seitas dos
gnósticos, dos adocionistas e dos docetas.
Faço uma pausa nesta narrativa para colocar uma pergunta aos que
propagam pela internet que o cristianismo foi inventado pelos romanos, no
Século IV, durante o Concílio de Nicéia. Como
Constantino pode reunir três centenas de bispos cristãos no Concílio de Nicéia,
se ainda não existia cristianismo? Sei
que existem religiões sem bispos; mas nunca ouvi falar na existência de bispos
sem que haja religião.
Note-se que Nicéia não foi a sede do primeiro concílio
cristão. O primeiro encontro de
sacerdotes cristãos para discutir questões relativas ao cristianismo, aconteceu
em Jerusalém cerca de três séculos antes.
Nesse concílio, Paulo conseguiu convencer seus pares de que os cristãos
não judeus poderiam conservar a glande de seus pênis. O costume judeu da circuncisão era um grande
obstáculo ao trabalho de Paulo no convencimento de novos adeptos e,
consequentemente, na propagação da seita.
MILAGRES E CURAS MILAGROSAS.
Allan Kardec costumava dizer que não existe milagre capaz de
fazer crescer perna amputada. De fato,
fora os “milagres” que não passam de mentiras deslavadas, como alimentar cinco
mil pessoas com cinco pães ou andar sobre a água, os milagres de Jesus são tão
questionáveis quanto os milagres que acontecem, semanalmente, nos templos
evangélicos do Brasil e da África. É
cego que volta a enxergar, é paralítico que anda, é morto que ressuscita... Fica sempre a suspeita de que o cego não era
cego, o paralítico não era paralítico, o morto era um safardana, vivinho da
silva.
No evangelho de João – e só no evangelho de João – tem um
milagre, que reproduzo nesta obra, porque é um “milagre” possível de ser
explicado: A Transformação da Água em
Vinho.
Com certeza, a narrativa a seguir representa com mais fidelidade
e coerência o que pode ter acontecido na festa de casamento. É óbvio que não presenciei os fatos; mas não
podemos esquecer que nenhum dos evangelistas presenciou nada, muito menos o que
cometia falsidade ideológica e usava o nome do discípulo João em seus escritos.
Houve um casamento de parentes de Maria, mãe de Jesus. De repente, aparece um bando de penetras:
Jesus e seus discípulos. Um grupo de
párias fedorentos, que dificilmente se lavavam ou lavavam suas vestes. Gente que defecava na areia, balançava os
quadris e saia andando. E eram insaciáveis,
quando se tratava de bebida grátis.
Maria, que ajudava a servir aos convidados, envergonhada, tentou
uma solução. Pensou: - Se eu disser que
o vinho está acabando, talvez essa laia vá embora. Agiu
conforme pensou e teve como resposta de Jesus algo que poderia ser traduzido
como “Cala a tua boca, mulher!
Mantenha-te na tua insignificância!”
Passado algum tempo, a mãe de Jesus tentou novamente a
estratégia: - Jesus, o vinho acabou!
A esta altura, os penetras já sabiam exatamente onde estava a
bebida. Jesus pegou a mulher pelo braço
e conduziu-a com truculência.
- Tá vendo esses potes aí?
Tudo isso é vinho.
- É não, Jesus; é água.
- Isto é água?... É?
Quase que Jesus enfia a cabeça da mulher no pote de vinho.
Os farsantes que usaram o nome João para escrever um evangelho
fake transformaram a vergonha de Maria em milagre da transformação da água em
vinho.
Vejamos outro exemplo de milagre que nada tem de
autossustentável.
Havia uma lagoa cujas margens eram repletas de molestados:
aleijados, leprosos, cegos... Isto
porque, de tempo em tempo, descia um anjo do céu e agitava as águas. Neste momento, o primeiro enfermo que
entrasse na lagoa garantiria sua cura. O
interessante é que apenas um entre os desgraçados era curado. Como o anjo não tinha data certa para descer,
os doentes ficavam ali, esperando indefinidamente, como o cristão espera a
volta de Jesus e como os confinados esperam pelo soar do telefone do Big
Brother.
Cabem aqui algumas perguntas:
1) Quem era responsável pela cura, a água, ou o anjo? 2) Por
que só um entre os desgraçados poderia alcançar a cura? 3)
Seria o anjo um sádico desprezível, que sentia prazer em patrocinar um
Big Brother de desgraçados?
Jesus chegou à beira do lago e notou que havia um homem, imóvel,
deitado em uma cama. O homem falou a
Jesus: - Eu estou aqui, faz muito
tempo. Como não posso andar e não tenho servos
para me colocarem na água quando esta se agita, nunca alcanço a cura. Jesus então bradou: Levanta, pega tua cama e vai embora! O enfermo estava curado.
Jesus também foi embora e não curou nenhum outro doente. Talvez precisasse recarregar a bateria.
CRISTIANISMO E A QUESTÃO DO LIVRE ARBÍTRIO.
Livre arbítrio não é um conceito difundido nos evangelhos; entra
pelas portas dos fundos, no final do Século IV, com o bispo Agostinho,
transformado em santo católico. O
próprio Agostinho vai mudando sua opinião sobre o livre arbítrio e criando
argumentos cada vez mais tolos à medida que vai sendo promovido no clero. Agostinho argumenta sobre o mal com se o mal
fosse uma entidade física. Aliás, esta é
uma bobagem comum a cristãos e ateus: “Se Deus é bom, por que o mal existe?”. O mal é algo imaginário, não tem existência própria. Uma ação pode ser considerada má, um
indivíduo que comete más ações pode ser considerado mau; porém ninguém será
mau, se praticar boas ações. Uma ação só
é rotulada como um mal depois que suas consequências são submetidas a
julgamento. Mal é rótulo atribuído a
ações com potencial para causar dano, ainda que seja uma ação da natureza. Não existe uma entidade denominada mal, com
vida própria e consciência, capaz de causar danos às pessoas. O mal é igual ao lixo, que só passa a ser lixo
depois que é considerado como tal.
Nos Evangelhos não há livre arbítrio. Ou você aceita Jesus como salvador ou está
irremediavelmente ferrado. Jesus teria dito
“Ninguém vai ao pai, se não por mim”.
Onde está a alternativa? Onde
estão o direito e a liberdade de escolha?
Onde está o livre arbítrio?
Em Provérbios há uma citação: “O Homem planeja seu caminho;
mas o Senhor determina os seus passos”.
Esta frase é bem aceita e divulgada pelos cristãos, às vezes com a
roupagem “Segura na mão de Deus e vai” e, modernamente, como “Até aqui foi Deus
que me trouxe”.
Se levada a sério, significaria que somos marionetes nas mãos do
deus. Podemos até planejar nossas ações;
mas não somos livres para executá-las. Planejamos
no atacado; mas é o deus que toma as decisões no varejo.
Há um lado bom nesta história.
Se nossas ações são determinadas pelo deus, não podemos ser
responsabilizados por elas. Não
cometemos pecados; o deus os comete.
Assim sendo, é o deus – e não nós – que irar queimar no fogo do inferno.
É contra argumentações desta ordem e visando tirar a
responsabilidade dos ombros do deus que surge a ideia de livre arbítrio. Mas Agostinho não estava interessado em
mergulhar fundo nessas águas, sua intenção era permanecer pacatamente no seu
quadrado, defendendo o seu redondo. Não
fosse assim e teria percebido que a existência de livre arbítrio negaria dois
atributos do deus: a onisciência e a infalibilidade.
Imagine que eu esteja indeciso entre comprar um Renaut Kwid ou
um Fiat Mobi - dois carros de preços e performances semelhantes. O deus dos cristãos, em sua onisciência, sabe
exatamente (e antes de mim) qual será minha decisão. Isto significa que eu não tenho realmente
escolha; posto que não poderei escolher um veículo diferente daquele que o deus
sabe que escolherei. Aliás, se eu fizer
escolha diferente, estarei provando que o deus é falível.
Então, temos as seguintes possibilidades: ou eu não tenho livre arbítrio; ou a onisciência
do deus está sujeita a erro.
UM DEMÔNIO SURDO, MUDO E EPILÉTICO.
Isaías é um dos personagens mais importantes das escrituras
judaicas. A Bíblia traz um livro dedicado
a Isaías, onde o profeta repreende e faz ameaças a Israel; faz previsões sobre
a queda da Babilônia e lança a profecia do surgimento do messias: “E surgirá um
rebento do tronco de Jessé... E
repousará sobre ele o Espirito do Senhor, e o espírito de sabedoria, e o
espírito de conselho e fortaleza...”
(NOTA: Para Isaías, espírito santo era um espírito que era santo; não
era um deus que virava pomba). Isaías
tinha linha direta com o deus dos judeus, trocava ideia com o todo
poderoso. Nos 66 capítulos do livro
dedicado a Isaías não há uma única referência a demônio.
Jesus parecia um imã de demônios. Para onde ele ia tinha que expulsar demônio.
Sabemos que não existem demônio, que só um deus irresponsável e
maquiavélico criaria demônio para prejudicar os homens e, depois de torná-los
imperecíveis, deixá-los queimar no fogo do inferno, eternamente. O deus dos cristãos não só criou o diabo,
como deu a ele liberdade para prejudicar a humanidade. Um deus desses, se existisse, seria um traste
desprezível.
Mas a laia que acompanhava Jesus acreditava que ele tinha poder
de expulsar demônios. Nada diferente dos
crentes que se deixam enganar nas igrejas.
Certo dia um homem, carregando um garoto, aproxima-se de Jesus.
- “Mestre, trouxe-te o meu filho, que tem um
espírito mudo; e este, onde quer que o apanhe, despedaça-o, e ele espuma, e
range os dentes, e vai definhando...”
É possível que Jesus tenha
dito: - Deixa comigo! Eu tenho PHD em expulsão de demônio surdo e
mudo.
Então Jesus falou em voz
alta, como é próprio de um grande falastrão:
- “Espírito surdo e mudo, eu te
ordeno: Saí dele e não entres mais nele!”.
Resumo: Havia um demînio
surdo e mudo dentro do rapaz. O
evangelho não explica por qual orifício ele entrou e por qual orifício
saiu. O certo é que o intruso abdicou
por instantes a condição de mudo para ouvir o que jesus falava. Ouviu e foi embora.
Quem for estúpido que
acredite.
Hoje, se um pai chegasse a um
centro de atendimento médico, dizendo “Meu filho está inconsciente, espumando,
rangendo os dentes, tem um demônio surdo e mudo dentro dele”, qualquer
estagiário de enfermagem daria risada, diagnosticaria ataque epilético e aplicaria
um anticonvulsivo. Meia hora depois o
garoto estaria jogando bola, que nem o Ronaldo na Copa do Mundo.
Jejus e seus asseclas eram um
bando de trogloditas.
SERMÃO DA MONTANHA.
Esta passagem consta em Mateus e tem fragmentos replicados por
Lucas. Aí eu pergunto: por que Marcos, que é anterior a Mateus não soube desta
história? Porque provavelmente não seja
uma ocorrência verídica e a narrativa tenha sido inventada muito tempo depois
da morte de Jesus.
Este sermão é uma aula de peleguismo, onde um sacerdote cínico
(não descarto totalmente a possibilidade de que tenha sido Jesus) tenta
convencer os desgraçados de que sua condição de desgraçado é uma vantagem
perante os olhos do deus.
Reproduzo abaixo um pequeno trecho do sermão, para que o leitor
possa observar o engodo que ele representa.
Bem-aventurados os pobres de
espírito, porque deles é o Reino dos céus! Bem-aventurados os que choram, porque eles serão
consolados!
Bem-aventurados os mansos, porque eles
herdarão a terra!
Bem-aventurados os que têm fome e sede de
justiça, porque eles serão fartos. Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles
alcançarão misericórdia.
Se a alegação não se sustenta por si mesma, a justificativa para
a alegação é completamente fora de propósito.
Tolo, idiota, imbecil, são palavras com significado equivalente
a pobre de espírito. Por que um
indivíduo idiota seria bem-aventurado aos olhos do deus? Um idiota é alguém digno de pena; não digno
de honraria e, ainda que houvesse deus e céu, não há razão para supor que o céu
seria reduto de idiotas.
O mesmo raciocínio vale para sofredores, injustiçados, etc. Em suma: o sofredor, o injustiçado, o
retardado, são desventurados. Estão
longe de uma condição em que possam ser considerados bem-aventurados.
O Sermão da montanha dificilmente foi escrito por indivíduos
malignos, com o objetivo manter o desafortunado acomodado e feliz com sua
condição de desafortunado. Percebe-se,
claramente, que não é um discurso feito de improviso; é como se o autor tivesse
escrito o que teria que falar ao público – e Jesus não era um erudito, um
profundo conhecedor das letras. Além
disso, os evangelhos tem por base histórias passadas oralmente de pessoa para
pessoa (fofocas).
Há grande diferença entre um evangelista dizer que Jesus tenha
feito determinada coisa, ou reproduzir, palavra por palavra, um discurso
não-escrito, feito quase uma centena de anos antes.
Marcos, que ouviu histórias contadas por Pedro e que por volta
de 50 a 60 anos escreveu seu evangelho, não menciona o sermão da montanha. É estranho que Marcos não tivesse tomado
conhecimento do famoso sermão, ao passo que evangelistas posteriores tenham conseguido
reproduzi-lo palavra por palavra. É
certo que aqueles que escreveram em nome de Mateus, inventaram este manual de
peleguismo e que Lucas achou a coisa bacana e a copiou, sem preocupação de
confirmar autenticidade.
O CASO DO PERFUME MUITO CARO.
Certa vez na casa de Lázaro, uma mulher abriu um pote de
unguento para lavar os pés de Jesus.
Lavava com o perfume caríssimo e enxugava com os cabelos (mulheres
usavam longos cabelos, para que servissem de toalha de pés aos homens).
Quando os discípulos descobriram que o perfume custava o
equivalente a um ano de salário, escandalizaram-se: - Por que o
desperdício? Por que não vender o
perfume e matar a fome dos pobres?
Neste momento Jesus mostrou todo seu egoísmo e o quanto estava
se lixando para pobre faminto. -Deixem
a mulher em paz! Sempre haverá pobres
para serem socorridos; eu não vou estar aqui para sempre.
O argumento é típico de indivíduo cínico, desprovido de empatia
e de sentimento de solidariedade. Pessoas
de má índole, para desencargo de consciência, compartilham a ideia de que a
miséria é mal eterno, sem cura. Mas a
verdade é que, enquanto a miséria é abstrata, os miseráveis são seres humanos
reais e não são eternos. O faminto que
não for socorrido hoje, talvez não mais possa ser socorrido amanhã.
SOBRE A RESSUREIÇÃO DE JESUS.
Jesus teria morrido no dia antes do sábado e ressuscitado no dia
depois do sábado. Esta informação está
em todos os evangelhos. Para efeito de
raciocínio, vamos considera-la como sendo verdadeira. Teria morrido à tardinha, talvez às 15 horas,
já que Lucas jura de pés juntos que “as trevas desceram sobre a terra e o
sol parou de brilhar entre o meio dia e as três horas da tarde”. Não teria permanecido morto três dias e três
noites (mesmo tempo em que Jonas permanecera na barriga do peixe oco). Está escrito que Jesus ressuscitou no domingo
bem cedo. Isto é: permaneceu “morto” no
máximo por quarenta horas.
Isso lá é morte?!
Considerando o que está escrito, a morte de Jesus não representa
grande coisa. Não é façanha hercúlea permanecer
“morto” pelo período de quarenta horas.
Se a morte de Jesus não foi uma morte real e definitiva, a choradeira e
o luto dos cristãos na “sexta-feira santa” não se justificam e a festividade da
ressureição só vale pelo chocolate.
Os cristãos teriam sido mais coerentes se tivessem aceitado o que
pregavam os docetas: “Jesus não morreu de verdade, apenas fingiu ter morrido”.
SERIA JUDAS UM TRAIDOR?
Traição é quebra inesperada da fidelidade prometida.
Em Mateus e João há passagens onde Jesus teria dito “Certamente
um de vocês me trairá” e, embora Lucas e Marcos contem que Jesus escolheu seus
doze apóstolos, João flagra Jesus dizendo “Nem todos vocês foram escolhidos
por mim; um de vocês é o diabo”. Se
Jesus era consciente de que Judas o acusaria, ou, se Jesus sabia que o Judas
era o próprio diabo, onde está a traição?
A delação de Judas era esperada; sem surpresa nem “quebra da fidelidade
prometida”, porque Judas não prometeu fidelidade. Judas pode ter sido um delator; mas não foi
um traidor.
Jesus vinha sendo aconselhado e até cobrado pelos que dele
duvidavam: “Se você acredita no que diz, por que fica pregando na periferia da
Galileia? Por que não vai para a Judeia
pregar em uma cidade grande?”
É possível que Jesus tenha pensado em aparecer em grande estilo
e tenha intimado Judas, o cara de sua confiança, a entrega-lo aos fariseus: “Um
de vocês vai me trair”. O “um de vocês”
seria judas - um cidadão menos estúpido que os demais acompanhantes. Judas
estava nível acima; era o responsável pelas finanças do grupo de vadios.
Mas Jesus, que era um grande tagarela no meio da gentalha, emudeceu
na presença de Pilatos e dos sacerdotes judeus.
Mostrou-se um palerma, incapaz de defender a si próprio.
APOCALIPSEANDO.
O livro do Apocalipse parece ter sido feito em manicômio. Tem autoria atribuída a João, o que só seria
possível se o discípulo em questão fosse alfabetizado e tivesse vivido mais de
150 anos. Não vamos cansar nossa cabeça
e nossa beleza comentando as baboseiras que os autores afirmam que acontecerão
no “final dos tempos”.
Em 1973 o mundo tinha metade da população atual. Se mantivesse o atual crescimento
demográfico, em 2073 o planeta teria sobre sua crosta em torno de 16 bilhões de
habitantes.
Vamos imaginar que 2073 seja a data em que jesus descerá do céu
para julgar vivos e zumbis.
Não seria nenhum absurdo imaginar que a soma de todas as pessoas
que um dia viveram no planeta terra estivesse na casa dos 30 bilhões de
indivíduos.
Não se sabe onde Jesus montará seu QG nem qual será a logística
ou a estratégia utilizada. As pessoas
irão até Jesus? Jesus irá a cada uma das
pessoas? Utilizarão navios? Aviões?
jegues? Jesus se deslocava a pé
ou de jegue. E quem pagará as passagens?
Se Jesus levar apenas um minuto para julgar cada “alma” então
vivente, precisará de 30 bilhões de minutos para concluir o julgamento.
30.000.000.000 de minutos equivalem a
500.000.000 de
horas, que equivalem a
20.833.333 de
dias, que equivalem a
57.077
anos.
Jesus levará mais de cinquenta e sete mil anos para concluir o
julgamento dos trinta bilhões de seres humanos vivos e mortos. Se a chamada se der por ordem alfabética,
dona Zuleide levará enorme vantagem sobre dona Alice.
E se o atendimento for em fila, por ordem de chegada?
Considere que cada indivíduo vivo ou ressuscitado, que também
ganhará corpo físico não-perecível, ocupe na fila o espaço de meio metro linear. 30 bilhões de indivíduos formarão uma fila de
15 bilhões de metros, ou 15 milhões de quilômetros. Serão 375 voltas ao redor da terra. O deus dos cristãos terá que ensinar aos
humanos o velho truque de caminhar sobre as águas.
A QUESTÃO DO
DÍZIMO
Na cidade
mineira de Poços de Caldas há uma seita cristã, Sal da Terra, em que não há
cobrança de dízimo. Segundo o sacerdote,
esta prática caiu em desuso, há muitos anos, assim como a morte a pedradas de
adúlteros e homossexuais.
Nas
escrituras judaicas quase não existe referência a dízimo; a mais importante fala
de um acordo entre os filhos de Jacó.
Os
descendentes do Levi, que não tinham terra, ficariam responsáveis pela
manutenção do templo e pela educação das crianças, recebendo uma contribuição
trienal. A cada três anos, um décimo do
que fosse produzido naquele ano seria repassado aos levíticos. O pagamento seria feito em grãos; não
envolvia dinheiro e não tinha nada a ver com o deus.
TRATO É
TRATO. Se você descende de um dos filhos
de Jacó (será, portanto, um judeu), tem o dever de honrar o acordo de seus
antecessores. Agora, é só pedir ao seu pastor para prove
ser, de fato, descendente de Levi. Se
ele provar, prepare-se para entregar a ele dez por cento dos grãos que você
produzir a cada três anos. Lembre-se:
seu deus não precisa de dinheiro. Além
disto, o trato foi feito entre irmãos – os filhos de Jacó - sem pedir a opinião
do divino. Nem o dinheiro nem o grão é
do deus.
JESUS E A HISTÓRIA.
História não
é ciência exata. Quase todo “fato
histórico” é um conto sujeito a correções.
A Inconfidência Mineira, por exemplo, foi uma insurreição que visava a
redução dos impostos exigidos pela coroa de Portugal. Tiradentes, “o herói da inconfidência”, era
um cabo do exército, especializado em arrancar dentes com boticão. Não era fazendeiro, minerador, dono de
engenho, alguém que pagasse altos impostos.
Além disto, seus companheiros de inconfidência eram todos jovens
ricaços, formados na Universidade de Coimbra.
Como um soldado pobretão e, certamente, de baixa cultura poderia ser
líder dos inconfidentes? Joaquim José da
Silva Xavier, o Tiradentes, foi um bode expiatório, o João-ninguém a ser
sacrificado “para o bem de todos e felicidade geral de duas nações”.
Não há
dúvida de que a história do Tiradentes, ensinada nas escolas, não é verdadeira;
mas isto não significa que o cidadão Joaquim José da Silva Xavier não tenha
existido.
A história
de Jesus é cheia de mentiras, fantasias, tentativas de deificá-lo. É uma história difícil de ser digerida;
porém, assim como no caso do Tiradentes, a história mal contada de Jesus não é
prova de que este não tenha existido.
INFORMAÇÃO X
DESINFORMAÇÃO
A Era da
Informação tem início por volta do ano 1950 com o avanço dos meios de
comunicação. Dura até pouco antes do ano
2000, quando surgem as primeiras redes sociais na internet e dão início à ERA
DA DESINFORMAÇÃO.
Redes
Sociais são grupos de pessoas onde um membro ligeiramente esclarecido - e
muitas das vezes charlatão - passa a atuar como guru dos menos
esclarecidos. A melhor definição do guru
da internet (influencer) é: “quem não sabe quase nada, servindo de guia para
quem nada sabe”. Exatamente como acontecia
com Jesus e seus seguidores.
Redes como
Youtube remuneram criadores de conteúdo com base no número de visualizações,
sem se preocupar com a veracidade daquilo que foi publicado. No final das contas, o que importa para os
donos das redes sociais é ter onde anexar propaganda. É neste nicho de faturamento que aparecem os
produtores de conteúdo para ateus, dizendo aquilo que o raivoso ateu de
primeira viajem gostaria de ouvir.
Note-se que o sonho de muitos ateus é acabar com as religiões, como
vingança pelo tempo em que foram enganados pelos sacerdotes. Sabendo disto, manipuladores publicam idiotices
que ateus gostariam de ler: - Moisés não
existiu! Jesus nunca existiu!
Ora, a
palavra ateu vem do grego a-Theo (sem deus).
Admitir que possa ter existido um judeu chamado Moisés, ou Jesus, ou
Saulo, ou Simão, não torna ninguém menos a-Theo. O que o ateu jamais fará é admitir que Moisés
recebia instruções diretamente de um deus (inexistente) ou acreditar que o tal
Jesus era um deus. Ou seja: não há
problema algum em o ateu admitir que houve um judeu chamado Jesus, que era um
homem e não um deus.
Os
argumentos apresentados nas redes sociais para “provar” que Jesus nunca existiu
são indecorosamente tolos. “Se Jesus
existiu, por que nunca encontraram os ossos dele?”
Nunca
encontraram os ossos de Jesus e de nenhum judeu morto dois mil anos atrás,
porque o povo judeu não embalsamava os mortos; sepultava-os, para que se
decompusessem. A desintegração da
matéria orgânica que compõe o corpo faz parte do ritual fúnebre dos
judeus. Acreditam que a alma vai se
libertando do corpo, gradativamente, à medida que este se decompõe.
Aliás, o
questionamento sobre ossos de Jesus é tão boboca, que o ateu que o faz merece
uma resposta igualmente boboca: - “Não
encontraram ossos de jesus porque ele ressuscitou e foi para o céu”.
Há também os
ateus que apelam para ciências, para negar a existência de Jesus. Obviamente são replicadores de charlatães do
You Tube e dizem que “a Arqueologia, a Linguística e a História não provam que
Jesus tenha existido”. O argumento com
apelo científico é uma grande tolice; mas serve para demonstrar que o ateu em
questão tem pouco ou nenhum conhecimento científico.
A
Arqueologia não prova que Jesus tenha existido, assim como não prova que Jesus
não tenha existido. Já dissemos que
judeus não preservavam seus mortos; mas ainda que arqueólogos encontrassem
ossos de um judeu do início do primeiro milênio, como poderiam afirmar, ou
negar, que se tratava dos restos mortais de Jesus? Nem pelo DNA nem com uso de Carbono 14 nem
com placa de identificação em aço inox (Jesus não era soldado americano). E a Linguística?! Como a Linguística poderia provar a
existência, não de uma civilização; mas de um judeu específico, Jesus?
Já a
História, ao contrário do que afirmam os de pouco ou nenhum conhecimento de
Idade Antiga, prova, muito bem provado, que na primeira metade do Século I
existiu um cidadão que foi chamado Cristo.
Suetônio, o
maior historiador romano, conta na obra A Vida de Cláudio, que o imperador expulsou
os cristãos de Roma no ano 49. Já na
obra A Vida de Nero, Suetônio diz que o sucessor de Cláudio impôs severos
castigos aos cristãos.
Como poderia
haver cristãos em Roma na metade do Século I, sem que alguém erroneamente tido
como o Cristo tivesse existido?
Obrigado
pela atenção e até a próxima!