sábado, 12 de dezembro de 2015
CONTO MAL CONTADO - 1
Era uma vez três porquinhos
De boa índole e caráter impoluto,
Ou era três vezes um porquinho,
Já que a ordem dos fatores
Não altera o produto.
Tanta altivez, careceu de contraponto
Até o dia em que apareceu um lobo.
Um lobo mau? Sim, tão mau
Quanto o lobo de qualquer outro conto.
O primeiro porco,
Ninguém sabe o porquê,
Escondeu-se numa casa de sapê.
Ora, sapê é palha,
Só vai bem em letra de canção.
E o lobo ganha sua primeira batalha
E sua primeira refeição.
O segundo porco, que fez barraco de madeira,
Logo é pego e rosna, e grunhe e berra,
Porque madeira não resiste à motosserra.
O terceiro porco,
Dos três o menos tolo,
Construiu abrigo de tijolo.
Então aparece o lobo.
À mão, banana de dinamite.
Parecia estar tudo acabado;
Mas, acredite,
De repente o céu escurece
E, mais que de repente, o clarão.
Fulminado,
O lobo morre, antes de ouvir o trovão,
Sem o porco na barriga.
Este final, estranho e inesperado,
É para que ninguém diga
(Ou pense)
Que nos meus versos o mal sempre vence.
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