quarta-feira, 29 de setembro de 2021

 

A SANTA DA PILHA FRACA.

 

Fui à Aparecida do Norte, acompanhando um amigo. Enquanto ele pagava suas promessas, zanzei pelos arredores da basílica. A “sala dos milagres” pareceu-me um museu de cera para aleijados.  Era pé de cera, mão de cera, orelha de cera...  Não lembro de ter visto pênis ou vulva de cera.

Havia muitos quadros com narrativas de milagres.  Em um deles, o cidadão agradecia à santa por ser o único sobrevivente da capotagem do pau-de-arara.  Pensei no porquê da santa que esteve no local ter salvo apenas um dos acidentados e na desculpa que teria dado aos candidatos a defuntos:

- Você apresentou seu pedido de socorro fora do prazo.

- Seu cartão de salvamento está vencido.

- Vim salvar somente o meu fiel, aguarde seu santo padroeiro.

 

Há outra possibilidade.  Santos não são humanos; mas, com certeza, também precisam de energia para executar suas tarefas.  Pode ser que a santa tenha descido a ribanceira e, quando subiu de volta com o primeiro acidentado, tenha acabado a bateria.

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