segunda-feira, 11 de junho de 2012

O HOMEM NÚ... MA BOA (Capítulo 3)

O AMULETO DE ADÃO.

Adão iniciou a segunda-feira nominando boi, cão, rã...
E trabalhou a terça-feira com pato, siri, lebre...
E na quarta-feira deu nome a esquilo, raposa, camelo...
E na quinta-feira nominou tamanduá, crocodilo, dromedário...
E encerrou a sexta-feira com hipopótamo, rinoceronte, ornitorinco...

A vida do homem no Eden não poderia ser melhor. Ou melhor, poderia sim, se não tivesse tanto anjo, enchendo o saco. Anjo é que nem criança (acho que é por isso que chamam criança de anjo), gosta de fazer "invejinha". Meu brinquedo é melhor do que o seu, meu pai tem mais dinheiro que o seu, minha mãe é mais gostosa que a sua.
Como anjo não tem pai nem mãe, uns ficavam voando em torno do Adão para exibir as asas, outros ficavam tocando trombetas.  Tudo porque adão não tinha sido aquinhoado nem com asas nem com trombeta.  O maior motivo de zombaria, entretanto, não era a falta de asas ou de instrumento de sopro, era um penduricalho que Adão ostentava no meio das pernas.  - Que amuleto mais sem serventia! Diziam.
Na verdade nem Adão entendia direito o porquê de andar balançando um trambolho inútil, em vez de poder voar e tocar trombetas, como os anjos.

Deus, que tudo vê - e nada comenta, porque detesta fofoca - percebeu que havia algo esquisito no comportamento da criatura. E ser humano, quando começa a agir de forma estranha no trabalho, vai trazer pepino pro chefe.
E foi num fim de semana, prolongado pelo feriado na terça-feira, que um ocioso Adão notou que faltava-lhe o ser complementar, aquele que, matematicamente falando, estaria para o homem, assim como a cabra está para o bode.  Um ser com reentrança, capaz de acomodar saliência.
O SAC celeste estava prestes a receber a primeira reclamação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário